Os antigos laboratórios da Charité em Lichterfelde, Alemanha, também conhecidos como edifício Mäusebunker, foram incluídos na lista de patrimôinio de Berlim, salvando-os da ameaça de demolição, prevista desde 2010. A estrutura brutalista foi projetada pelos arquitetos Gerd e Magdalena Hänska e construída a partir de 1971, e entrou em operação em 1982. Embora sua imagem forte, combinada com sua função de laboratório para testes em animais, tenha resultado no desgosto do público em geral, o edifício brutalista lentamente ganhou aceitação e até mesmo um status de cult entre os fãs do brutalismo.
O Escritório de Monumentos Estaduais, chefiado por Christoph Rauhut desde 2018, organizou um procedimento modelo para encontrar potenciais usos futuros, concluindo que os antigos laboratórios têm potencial de marca e, se devidamente restaurados, podem trazer valor agregado para Berlim. O edifício de concreto armado de 117 metros de comprimento no Canal Teltow em Lichterfelde, Berlim, está parcialmente desativado desde 2009, quando poluentes nocivos inutilizaram partes do edifício. A estrutura está completamente vazia desde 2019.
Após uma oficina de planejamento urbano e especializada, o Escritório de Monumentos Estaduais concluiu que os antigos laboratórios podem ser transformados em um espaço cultural de uso misto. Embora o prédio apresente vários desafios, incluindo poluição e má iluminação no interior, a altura do teto e seus segmentos de construção autônomos permitem reutilização adaptativa. De acordo com Christoph Rauhut, cafés, salas de eventos, lojas e salas para pesquisa e prática artística podem ser integrados a seus espaços, enquanto a luz natural e a ventilação podem ser trazidas através da criação de átrios em suas estruturas internas.
O Mäusebunker levanta uma questão para nós: como lidamos com prédios altamente específicos desse tempo, quando erroneamente assumimos que energia e recursos eram abundantes? Naquela época, muito dinheiro foi gasto em toda a Europa em prédios muito complexos que são difíceis de reutilizar. - Christoph Rauhut, chefe do Escritório de Monumentos Estaduais em Berlim, em uma entrevista para o Tagesspiegel.
A estrutura, que lembra um cruzador armado com suas tubulações de ventilação azuis saindo da concha de concreto, atraiu arquitetos, historiadores de arte, fãs do brutalismo e entusiastas da arquitetura para lançar uma campanha de resgate. O prédio foi apresentado em exposições, filmes, publicações e eventos. Em 2019, ele apareceu na lista do The Guardian de "Edifícios brutalistas ameaçados". Em 2017, a plataforma #SOSBRUTALISM organizou uma exposição no Campus Benjamin Franklin para demonstrar o valor do Mäusebunker enquanto monumento.
A exposição "De Repente Maravilhoso", aberta de 26 de maio a 18 de setembro de 2023 no Museu de Arte Moderna Berlinische Galerie, tem como objetivo continuar a popularizar o valor da arquitetura dos anos 1970 em Berlim Ocidental. Durante a Guerra Fria, vários prédios notáveis foram construídos como locais de pesquisa, educação e atividade cultural, muitos deles enfrentando a mesma ameaça de demolição. Além do "Mäusebunker" ou dos antigos Laboratórios Centrais de Animais da Freie Universität Berlin em Lichterfelde (1971-1981), a exposição também apresenta o Centro Internacional de Congressos (ICC Berlin, 1973-1979), também conhecido como "Battleship Charlottenburg", o antigo Instituto de Higiene e Microbiologia (1969-1974), que obteve status de monumento em 2020, e o restaurante torre em Steglitz, mais conhecido como "Bierpinsel".
Ao redor do mundo, vários outros monumentos modernos estão enfrentando ameaças de demolição. O Ginásio Nacional Kagawa de Kenzo Tange, no Japão, construído entre 1961 e 1964, está planejado para demolição, enquanto uma petição online tenta salvar o monumento de 47 anos. No ano passado, o Instituto Indiano de Administração de Ahmedabad (IIMA) anunciou a decisão de encerrar as obras de restauração dos elementos do campus projetados por Louis Kahn, com Balkrishna V. Doshi e Anant Raje em 1962, representando uma reversão da decisão de retirar os primeiros planos de demolição após protestos em todo o mundo, anunciada em janeiro de 2021.